O TDAH é um dos transtornos neuropsiquiátricos mais conhecidos na infância. Devido à baixa concentração de dopamina e/ou noradrenalina em regiões sinápticas do lobo frontal, leva o indivíduo a uma tríade sintomatológica de falta de atenção, hiperatividade e impulsividade, ocasionando sérias dificuldades para o processo de aprendizagem.
Falta de atenção, para o caso da criança portadora de TDAH significa excesso de mobilidade na atenção, ou seja, hipermobilidade, que é quando o indivíduo não consegue manter, por algum tempo, sua atenção em um mesmo objeto, em um mesmo foco. É a atenção espontânea que predomina.
Hiperatividade significa um aumento da atividade motora, deixando a mesma quase constantemente em movimento.
As definições da palavra impulsividade – força que impele estímulo, abalo, ímpeto, impulsão – ajudam a compreender a maneira pela qual o indivíduo portador do TDAH reage diante do mundo. Pequenas coisas podem despertar-lhes grandes emoções e a força dessas emoções gera o combustível de suas ações.
Estudos cada vez mais aprofundados e específicos sobre o TDAH desvendam novas técnicas de enfrentamento para esta problemática, novos recursos psicoterapêuticos e medicamentosos, com a finalidade de que haja uma diminuição da interferência que os sintomas do TDAH causam na vida da pessoa, fazendo com que esta consiga aumentar a concentração e controlar a hiperatividade e a impulsividade.
Recursos estes se tornam especialmente necessários para as crianças do período pré-escolar e ensino fundamental, onde a desatenção e a impulsividade comprometem além do processo de aprendizagem, os relacionamentos e a autoestima.
A falta de informação, conhecimento e compreensão que envolve o processo escolar são grandes obstáculos que a criança enfrenta neste período juntamente com as características do transtorno, fazendo com que professores colegas e pais considerem o comportamento desta criança como sendo rebelde e desinteressado, tendo para com ela um tratamento preconceituoso.
Alguns aspectos são importantes que sejam avaliados a fim de que não sejam cometidos enganos no diagnóstico de TDAH, sendo eles:
– Avaliar a frequência e a intensidade que estes sintomas aparecem, a duração dos mesmos e a interferência que eles causam na vida, ou seja, se acarreta ou não prejuízo no funcionamento da pessoa.
– Avaliar se os sintomas existem desde a infância ou início da adolescência.
– Avaliar se os sintomas não estão sendo provocados por nenhum outro transtorno conhecido.
Somente após esta cuidadosa análise, é que se pode caracterizar o transtorno, afinal, toda pessoa pode apresentar um ou mais comportamentos similares aos sintomas do TDAH em algum momento da vida, sem necessariamente apresentar um diagnóstico patológico.
Para os indivíduos em que predomina a hiperatividade, uma característica importante que vale ser ressaltada é que estes, inconscientemente, buscam conflitos como uma maneira de ativar seu próprio córtex pré-frontal. Não planejam fazer isso, negam que fazem, e ainda assim fazem. Isso ajuda a aumentar a atividade de seus lobos frontais e a se sentirem mais estimuladas. Embora não seja um fenômeno consciente, parece que ficam viciadas em confusão. A hiperatividade se manifesta com movimentos frequentes, a criança bate com os pés, mexe as mãos, não pára quieta, corre o tempo todo.
Nos portadores de TDAH predominantemente desatentos, parece que quanto mais a pessoa tenta se concentrar, pior para ela. A atividade no córtex pré-frontal se desliga ao invés de ligar. Quando um pai, um professor, um chefe, põe pressão na pessoa que tem déficit de atenção, ela se torna menos eficiente, fazendo com que o supervisor interprete isso como decréscimo no seu desempenho ou má conduta proposital. O que acontece é que todos nós funcionamos melhor com elogios, mais intenso então, é quem possui essa patologia. É adequado trabalhar com essas pessoas com estímulo e ambientes que sejam altamente interessantes e tranquilos, para que se tornem mais produtivas. O mais incrível é que essas pessoas frequentemente conseguem prestar atenção em coisas bonitas, novas, interessantes ou assustadoras, que oferecem estimulação e ativam o córtex pré-frontal, conseguindo se focalizar e concentrar. A desatenção pode acontecer em situações escolares, profissionais ou sociais. Frequentemente dá-se a impressão de que a mente está em outro lugar ou que não escutou o que foi dito. Há uma dificuldade em completar tarefas, compreender instruções, organizar atividades. Seus objetos são desorganizados e com frequência são perdidos, desleixados, danificados. Os portadores de TDAH distraem-se com qualquer ruído, esquecem coisas das atividades diárias, esquecem compromissos marcados, não prestam atenção no que os outros dizem.
Nos portadores de TDAH predominantemente impulsivos, a mente funciona como um receptor de alta sensibilidade, que, ao captar um pequeno sinal, reage automaticamente sem avaliar as características do objeto gerador do sinal captado. A impulsividade se manifesta como impaciência, responder precipitadamente antes do término das perguntas, dificuldade de aguardar a sua vez para falar, interromper ou intrometer nos assuntos alheios, causando muitas dificuldades nos contextos sociais, escolares ou profissionais.
A dificuldade escolar é uma queixa frequente de pais e professores de crianças com TDAH. É por este motivo que os pais normalmente recorrem com veemência a neuropediatras, psicólogos e psicopedagogos. De acordo com dados estatísticos, a dificuldade escolar está entre as sete queixas mais frequentes. Para o SAEB, (Sistema Nacional da Educação Básica), o desempenho escolar depende de diferentes fatores: características da escola (físicas, pedagógicas, qualificação do professor), da família (nível de escolaridade dos pais, presença dos pais, interação dos pais com escola e deveres) e do próprio indivíduo (saúde mental, visual, auditiva, nutricional, etc). Somado a esses e outros fatores, tem-se discutido muito o problema das crianças portadoras de TDAH, considerando que sua atividade motora e mental é inadequada, excessiva e muitas vezes denominada erroneamente, como agitação ou inquietação por vontade própria. Os pais que ainda não perceberam ou não aceitaram que o filho possui o transtorno de hiperatividade e/ou déficit de atenção, ao ingressar o filho na escola, sentirão a necessidade de se interar dessa problemática, mais precisamente na fase de alfabetização e daí para frente. Ou porque a conduta “arteira” não é bem vinda, ou porque as notas não vão muito bem.
A prevalência do déficit de atenção e hiperatividade está entre 3% e 5% em crianças em idade escolar e costuma ser mais comum em meninos do que em meninas. É considerada uma das patologias psiquiátricas mais freqüentes nesse grupo etário, devendo ser assistida por profissionais experientes nas áreas de neuropediatria, psiquiatria ou interdisciplinares.
As crianças com TDAH apresentam maior dificuldade para aprendizagem e problemas de desempenho em testes e funcionamento cognitivo em relação aos seus colegas, principalmente por dificuldades nas suas habilidades organizacionais, capacidades de linguagem expressiva e/ou controle motor fino ou grosso. O funcionamento intelectual dessas crianças não difere das outras, o transtorno parece não afetar as capacidades cognitivas gerais, o TDAH não está relacionado à falta de capacidade, mas a um déficit de desempenho. A maioria das crianças portadora desse transtorno tem desempenho escolar abaixo do esperado devido à realização incoerente de tarefas, desatenção e problemas de procedimentos em sala de aula, fazendo que constantemente percam mérito por participação e comportamento.
Muitas crianças e adultos com TDAH e mais especificamente o DDA têm letra feia e consideram o ato de escrever difícil e estressante, preferem digitar, por não ser um movimento harmônico contínuo, e sim uma atividade motora de começa e pára. Também se queixam da dificuldade de tirar os pensamentos da cabeça e colocá-los no papel, “os dedos não sabem dizer o que o cérebro está pensando”…
É preciso que os professores conheçam um pouco sobre o TDAH, para não criarem barreiras em relação ao aluno e tentarem dar uma maior atenção a quem possui o transtorno. Estudar em turmas pequenas, sentar próximo ao quadro e ao professsor, sala com poucos detalhes que possam dispersar a atenção, permissão especial para ter mais tempo de fazer as tarefas sem punições, são algumas dicas que podem ajudar muito essa criança.
A criança com TDAH deve aprender aos poucos, e aplicar em seu dia-a-dia mais eficácia, ou seja, não apenas focar um processo ligado à tarefa, mas chegar a um resultado satisfatório, do que eficiência (aplicar muita energia, tempo, dedicação e empenho para a realização de uma determinada tarefa). Desta forma, o desgaste emocional será menor e os resultados, mais satisfatórios. Essa criança provavelmente realizará tarefas que proporcionam desafios e emoções, mesmo que seja exaustiva, em condições muito melhores do que tarefas que lhe exijam concentração e tempo.
A prescrição de medicamentos psicotrópicos é o tratamento mais comum para o TDAH. Numerosos estudos têm demonstrado, de modo coerente, a rápida melhora do funcionamento comportamental, acadêmico e social da maioria das crianças tratadas com substâncias estimulantes. São chamados assim em virtude de sua capacidade comprovada de aumentar a excitação ou “alerta” do sistema nervoso central.
Estas medicações melhoram extraordinariamente a capacidade motora da pessoa de colocar seus pensamentos no papel, aprimoram a atenção e a impulsividade, aumentam a motivação e a concentração, com a vantagem de não provocar dependência nos usuários. Esses medicamentos não curam o TDAH, mas ajudam a normalizar os neurotransmissores durante o seu uso. Dessa forma, diminui as consequências negativas emocionais, acadêmicas e sociais.
Associado aos estimulantes, as psicoterapias exercem efeitos eficazes no tratamento do TDAH, principalmente nas crianças, pois a modificação comportamental é necessária para o bom desempenho escolar e minimiza os conflitos nos relacionamentos. Outras intervenções como terapia comportamental familiar, participação dos pais em grupos de apoio e treinamento aos professores são coadjuvantes ao tratamento para que a criança não se sinta discriminada perante os outros e para que todos aprendam a contornar melhor as adversidades advindas do transtorno.
FONTE: Site da Associação Brasileira do Déficit de Atenção http://www.tdah.org.br